Está a decorrer nesta segunda-feira, 2 de Dezembro, em Maputo, a Conferência Final da primeira fase do Projeto +Emprego para os jovens de Cabo Delgado, que beneficiou, ao longo dos quatros anos da sua vigência, cerca de 1500 jovens daquela Província. Há já uma segunda fase garantida, orçada em 601,4 milhões de meticais (nove milhões de euros).

“Uma nova etapa do projeto iniciar-se-á em breve, na qual temos uma grande ambição. Vamos, em parceria com a União Europeia (UE) e apoio do Instituto Camões, continuar empenhados seriamente neste exercício. Na prática, vamos fazer uma segunda fase do +Emprego, dispondo de mais do dobro dos recursos financeiros. Estamos a falar de cerca de 601,4 milhões de meticais (nove milhões de euros), alargando consideravelmente a área de intervenção geográfica da iniciativa, nomeadamente à província de Nampula, que sabemos deter a maior densidade populacional do País”, anunciou o embaixador de Portugal em Moçambique, António Costa Moura.

Durante a sessão de abertura, o diplomata fez saber que a primeira fase do projeto, orçada em 280,6 milhões de meticais (4,2 milhões de euros), financiada pela UE e co-financiada e gerida pelo Instituto Camões (IP), tem como objetivo a qualificação e o reforço da empregabilidade dos jovens da província de Cabo Delgado, seguindo-se, assim, o esforço de oferecer melhores perspetivas de vida e oportunidades de trabalho digno.

“O acordo de contribuição do projeto foi assinado entre a UE e o Instituto Camões no dia 15 de Dezembro de 2020, tendo as primeiras atividades no terreno começado na primeira semana de Junho de 2021, em plena crise humanitária em Cabo Delgado”, lembrou o diplomata durante o seu discurso de abertura.

António Costa Moura congratulou-se com o sucesso do projeto: “Passados praticamente quatro anos desde a assinatura do acordo, é com muita satisfação e orgulho que assistimos à conclusão deste projeto dentro do prazo contratado e com resultados e metas previstas perfeitamente atingidos. Conseguimos alcançar uns impressionantes 1435 formandos, entre os quais 937 jovens, 317 formadores e técnicos de emprego e 181 técnicos e dirigentes das entidades parceiras, 304 estagiários, acolhidos por 39 empresas, e 149 jovens aos quais foram atribuídos kits de apoio ao autoemprego.”

O embaixador referiu ainda que mais de 50% dos jovens abrangidos melhoraram o seu rendimento graças à integração no projeto, objetivo último da iniciativa. “O +Emprego apoiou ainda 35 Pequenas e Médias Empresas (PME) no seu percurso para a certificação de qualidade ISO 9001, tendo sido concluídas auditorias internas de qualidade e apoiados os processos de candidatura à certificação de 14 PME. Estes resultados foram obtidos, recorde-se, num contexto marcado permanentemente pelo conflito e pela crise económica provocada pela retração dos megaprojetos, que arrastou consigo a maioria das PME que constituíam o tecido empresarial de Cabo Delgado”, apontou.

E referiu que o +Emprego permitiu o desenvolvimento de novas abordagens e mecanismos, como a instalação da incubadora de empreendedorismo jovem no Instituto Nacional de Emprego (INEP) em Pemba; o Centro de Excelência de Formação de Formadores da Unilúrio; gabinetes de apoio à inserção na vida ativa; e a loja do empreendedor +Emprego. “Houve também a certificação internacional de formadores de soldadura; a instalação do Centro de Eletrotécnica do IFPELAC; o desenvolvimento de novos módulos e conteúdos curriculares e o seu teste, por exemplo, à qualificação Cidadania e Direitos Humanos; os módulos de hidroponia e de logística; e o desenvolvimento de novos recursos técnicos pedagógicos e de apoio à formação técnica de formadores”, enumerou.

Por sua vez, o embaixador da União Europeia, Antonino Maggiore, defendeu a necessidade de prosseguir com a iniciativa. “Mais e mais empregos – acho que este seria um bom lema, porque é exatamente a resposta concreta aos desafios que temos no País, é a abordagem fundamental. Talvez seja mais fácil denunciar os problemas que estão no terreno, e mais difícil avançar e construir soluções concretas, especialmente sobre problemas complexos como a falta de emprego e formação”, referiu.

Maggiore reiterou que o Projeto +Emprego coloca-se no quadro fundamental das exigências do País. “A nossa abordagem é trabalhar com o Governo, instituições e sociedade civil para, todos juntos, alcançarmos resultados concretos. Nesta abordagem também trabalhamos com os jovens”, vincou.

O diplomata da UE disse ser fundamental salientar que o projeto se focou numa província-chave do País (Cabo Delgado), onde a União Europeia tem uma abordagem integrada, que combina ajuda humanitária e apoio no sector da segurança – com a missão de assistência militar da UE em Moçambique –, auxiliando também o desenvolvimento da província.

Já o secretário de Estado da Juventude e Emprego, Oswaldo Petersburgo, referiu que o Projeto +Emprego “é um exemplo de cooperação entre a União Europeia, Portugal, Instituto Camões, instituições do Governo e, também, do sector privado nacional.”

“Agradecemos ao Instituto Camões (IP) pela gestão dedicada no projeto, que demonstrou um compromisso incansável com as causas da juventude. Agradecemos também à coordenadora geral da iniciativa, Cristina Paulo, que já trabalha há alguns anos aqui, por ter sabido congregar intervenientes apropriados que contribuíram para o sucesso do projeto, tornando uma referência do que deve ser uma colaboração interinstitucional frutuosa”, destacou.

Com duração de quatro anos (Dezembro de 2020 a Dezembro de 2024), e financiamento de quatro milhões de euros, o projeto +Emprego visa aumentar as oportunidades económicas da população de Cabo Delgado, especialmente dos jovens, contribuindo para a melhoria do acesso ao trabalho decente e rendimento de milhares de jovens da Província.

Texto: Nário Sixpene

Mais Emprego: Quase 1500 Jovens de Cabo Delgado Foram Abrangidos Pela Primeira Fase do Projecto